O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou, na terça-feira (27), que o Brasil deverá começar a vacinação de adolescentes contra a Covid-19 no segundo semestre quando, segundo a pasta, toda a população adulta vacinável deverá ter tomado pelo menos uma dose do imunizante.
Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação em adolescentes ocorrerá da seguinte maneira:
- o público-alvo será adolescentes de 12 a 17 anos;
- os primeiros a serem vacinados serão os adolescentes com comorbidades – na sequência, os demais;
- para começar a vacinação, contudo, os estados e municípios precisam terminar de vacinar, com pelo menos uma dose, toda a sua população adulta;
- apesar de ter apenas uma vacina aprovada para uso em adolescentes no Brasil, a pasta não informa qual imunizante será usado e se será usado mais de um;
- além disso, os estados também dependem do envio de novas doses pelo Ministério da Saúde.
No exterior, a vacina contra Covid-19 já é aplicada a pessoas a partir dos 12 anos em países como o Canadá e os Estados Unidos.
Algumas cidades brasileiras, como Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, Niterói, no Rio, e Guajará-Mirim, em Rondônia, já começaram a vacinar adolescentes.
São Luís prevê vacinar a partir desta sexta-feira (30) pessoas com 14 anos ou mais. A cidade de São Paulo informou que prevê iniciar a vacinação do público em 18 de agosto.
Um comunicado do Ministério da Saúde de terça diz que estados e municípios devem seguir rigorosamente o Plano Nacional de Imunização, “sob pena de responsabilização futura”.
Das 6 vacinas negociadas pelo governo brasileiro para o programa de imunização contra a Covid-19, ao menos 4 delas já realizam testes também em crianças e adolescentes.
Vacinas liberadas no Brasil
O país conta, até o momento, com apenas um imunizante liberado para uso em adolescentes: a vacina ComiRNAty, desenvolvida pela Pfizer e BioNtech, aprovada em junho para esse público pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o órgão, estudos desenvolvidos fora do Brasil e avaliados pela agência mostraram que vacina é segura e eficaz para pessoas a partir dos 12 anos.
O governo brasileiro tem dois contratos de compra com a Pfizer e a BioNTech. De acordo com os laboratórios, o primeiro foi assinado em março e prevê a entrega de 100 milhões de doses até o final do terceiro trimestre de 2021. O segundo, firmado em 4 de maio, prevê a entrega de outras 100 milhões de doses entre outubro e dezembro.
Deste total de 200 milhões de doses da Pfizer, o Brasil já recebeu cerca de 17 milhões de doses, mas elas não foram destinadas aos adolescentes.
Em 30 de julho, o Butantan pediu à Anvisa autorização para incluir o público de crianças e adolescentes na faixa de 3 a 17 anos de idade na bula do imunizante, o que permitiria que esse grupo passasse a ser vacinado.
A Anvisa informou que nenhum outro laboratório pediu para incluir na bula da sua vacina a autorização para uso em menores de 18 anos, mas que a Janssen tem autorização para o estudo clínico de sua vacinas com menores de idade.
“O estudo da Janssen [no Brasil] envolve dois braços de pesquisa específicos, um com pessoas de 12 a 18 anos e outro com menores de 12 anos. O estudo está em andamento”, disse a Anvisa.
Dados do IBGE de 2020 mostram que o país tem mais de 66,1 milhões de crianças e adolescentes até 18 anos. Desses, mais de 11,323 milhões são adolescentes entre 15 e 17 anos. Para imunizar somente estes, o país precisa de aproximadamente 23 milhões de doses.
Quais vacinas estão sendo testadas em crianças e adolescentes
Laboratórios que já iniciaram testes de seus imunizantes em crianças e adolescentes:
- Oxford/AstraZeneca
- Sinovac Biotech
- Pfizer/BioNTech
- Moderna
- Janssen/Johnson
O Instituto Gamaleya, responsável pela vacina Sputnik V, já anunciou, sem dar uma data, que pretende começar seus testes clínicos em menores de idade nos próximos meses.
Em março, a Pfizer e a BioNTech anunciaram que a ComiRNAty teve 100% de eficácia em adolescentes com idades entre 12 e 15 anos. Nos últimos meses, a vacina foi autorizada para o uso em adolescentes de 12 anos ou mais nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido e na Europa, além do Brasil.
Em maio, a Moderna anunciou que sua vacina foi eficaz em adolescentes de 12 a 17 anos e pediu autorização do uso do imunizante neste público para os órgão reguladores dos EUA e Europa.
A China aprovou a CoronaVac para pessoas de 3 a 17 anos no dia 4 de junho, se tornando o primeiro do mundo a aprovar uma vacina contra a Covid-19 para crianças. No mesmo mês, o laboratório Sinovac publicou um estudo demonstrando que a Coronavac é segura e eficaz em crianças e adolescentes.
Porém, os cientistas da Sinovac ressaltaram algumas limitações do estudo, como o pequeno número de participantes e a falta de dados sobre segurança e resposta imunológica de longo prazo.
O pesquisador da Sinovac Qiang Gao também ponderou que os participantes eram todos da etnia Han, destacando a necessidade de estudos maiores em outras regiões e envolvendo populações multiétnicas.
Foi com base nesse estudo que o Butantan fez o pedido à Anvisa para incluir crianças de 3 anos a adolescentes de 17 anos.
FONTE: GLOBO.COM