Entenda por que americanos não estão em alerta com a ameaça nuclear de Vladimir Putin

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No discurso em que anunciou a invasão à Ucrânia, o presidente russo mandou um recado para as potências ocidentais. Vladimir Putin disse para qualquer um de fora que considere interferir, se o fizer, enfrentará consequências maiores do que qualquer outra que já se enfrentou na história”.

Imediatamente, o secretário-geral da Otan, Jen Stoltenberg, declarou que a aliança militar do ocidente não tem tropas na Ucrânia nem planos de enviar. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também afirmou que nenhuma tropa americana será envidada para o conflito.

De um lado e do outro da guerra de palavras, estão líderes que controlam os botões vermelhos: o poder sobre a maior parte do arsenal nuclear mundial.

Segundo a Federação Americana de Cientistas, o mundo tem perto de 12.700 ogivas nucleares, 90% delas estão nos arsenais da Rússia e dos Estados Unidos. Os outros 10% pertencem à China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

A Ucrânia chegou a ser a terceira maior potência nuclear, com as ogivas que herdou com a dissolução da União Soviética, da qual fazia parte. Mas o país abriu mão dessas armas com o Memorando de Budapeste, em 1994. O tratado também foi assinado pela Rússia, e garantia o respeito à soberania e às fronteiras da Ucrânia.

Para entender o poder das armas de destruição em massa, basta dizer que uma ogiva nuclear moderna equivale a centenas – às vezes milhares – de bombas atômicas como as que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial.

Depois dos Estados Unidos, a antiga União Soviética também desenvolveu a bomba atômica, no início dos anos 1950. E as duas potências militares começaram uma corrida armamentista. No auge da Guerra Fria, nos anos de 1980, o mundo chegou a ter mais de 70 mil bombas. Mas o número começou a cair depois do acordo assinado pelos dois países em 1987.

O raciocínio por trás da corrida nuclear foi definido pela sigla em inglês “mad” que, traduzida, significa destruição mútua assegurada. Se dois lados de um conflito têm armas suficientes para se aniquilar, nenhum deles vai cometer a imprudência de lançar a primeira bomba.

A teoria foi posta à prova em 1962, na crise dos mísseis de Cuba. Os americanos descobriram que os soviéticos instalavam uma base de lançamento de mísseis na ilha e navios das duas potências ameaçaram começar uma guerra atômica no mar do Caribe. Na última hora, os dois recuaram.

Agora, 60 anos depois, Vladimir Putin anunciou que colocou o arsenal nuclear russo em alerta especial. Foi uma ameaça aos países da Otan para tentar desencorajar o envio de armas ao Exército ucraniano e adoção de novas sanções econômicas à Rússia.

O historiador da Universidade de São Paulo (USP), especialista em RússiaAngelo Segrillo, interpreta o anúncio de Putin como uma ameaça, que não tem o objetivo de ser cumprida, mas de manter as tropas da Otan fora da guerra.

“Se a Rússia não tivesse armas nucleares, talvez isso até entrasse no cálculo da Otan. Uma ajuda militar direta localizada na Ucrânia. Agora, com a Rússia tendo armas nucleares, isso não entra na cogitação deles porque isso seria um risco para os próprios países da Otan”, explicou Angelo Segrillo.

A professora da Escola de Comando e Estado-maior do Exército, Mariana Carpes, concorda que a intenção de Putin é aumentar a tensão na guerra contra a Ucrânia e não começar uma guerra mundial.

“Eu quero crer que dentro do jogo político, por maior animosidade e agressividade que se veja no teatro de guerra, que o entendimento de que as armas nucleares são uma ‘não arma’. Ou seja, são um armamento de não uso. Que ele prevaleça”, diz Mariana Montez Carpes.

FONTE: GLOBO.COM

Alexandre Muller
Alexandre Mullerhttps://ourovivo.com.br
Comunicador são-mateuense, especialista em eventos e atividades sociais. Apaixonado por São Mateus do Sul e seus tesouros.
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