Mães que estão amamentando seguem com anticorpos contra a Covid-19 no leite materno quatro meses após tomarem a CoronaVac, aponta um estudo inédito do Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Vinte voluntárias participaram da pesquisa na cidade de São Paulo. Todas são profissionais da saúde do Hospital das Clínicas, com cerca de 35 anos, foram vacinadas durante um mutirão entre janeiro e fevereiro de 2021, tiveram bebês e doaram amostras de leite materno.
Foram realizadas 9 coletas de leite materno: a primeira foi antes de receberem o imunizante, outras quatro (sendo uma por semana) após a 1ª dose, mais três (sendo uma por semana) após a 2ª dose, e uma última após 4 meses da vacinação.
As análises feitas pelos pesquisadores do Instituto da Criança mostraram que os anticorpos induzidos pela vacina estavam presentes no leite das mães, que ainda permaneciam nele 4 meses após a vacinação, sendo que em 50% das voluntárias a presença de anticorpos continuava elevada a esta altura.
Durante o ensaio também foram observados picos da presença de anticorpos na segunda semana após a 1ª dose, e na quinta e sexta semanas após a 2ª dose.
“Existe estudo americano e existe estudo em Israel mostrando anticorpos Anti-SARS-CoV-2 no leite, induzidos pela vacina da Pfizer. Essa é a primeira vez que se mostra a presença de anticorpos induzidos pela CoronaVac“, explicou a dra. Magda Carneiro, pediatra da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora da pesquisa.
“Os níveis mais altos foram observados depois da segunda dose. Nós fizemos uma observação ao longo de 4 meses, completados agora, em maio, e metade das mães ainda tinham anticorpos positivos“, continuou.
A professora da Faculdade de Medicina da USP também destacou a segurança da CoronaVac, que pode ser aplicada ainda durante a gestação, aumentando a probabilidade de proteção ao recém-nascido.
“Existem, então, duas formas de uma mãe oferecer anticorpos contra a Covid-19 ao filho após sua imunização – a primeira, por meio da placenta, onde é possível a produção de anticorpos; a outra, é pelo leite materno, onde o nosso estudo demonstrou a presença de anticorpos. Compreender essas duas possibilidades é oferecer um ciclo completo de proteção ao recém-nascido”, completou a dra. Magda Carneiro.
FONTE: GLOBO.COM