O Jornal Nacional desta segunda-feira (12), publicou uma reportagem trazendo a informação de que várias cidades pelo Brasil, identificaram frascos da vacina CoronaVac com quantidade menor de doses – do que o previsto para conter em cada embalagem da vacina produzida pelo Insituto Butantan.
Em São Mateus do Sul, segundo levantamento da equipe do Portal Ourovivo, que entrou em contato com a equipe responsável pela Campanha Municipal de Vacinação, dentre o montante total do imunizante recebido pelo Município, faltaram 76 doses.
A equipe relatou, que repassou a informação à 6ª Regional de Saúde de União da Vitória e afirmou que aguarda o posicionamento do órgão para tomar medidas cabíveis ao fato.
O órgão paulista informou que vai atualizar a bula da vacina para informar o jeito correto de aplicar o imunizante para evitar desperdício. O problema foi notificado em 12 estados, segundo levantamento feito pela equipe de jornalismo da TV Globo.
Em Curitiba, por exemplo, a secretaria de Saúde relatou que cada frasco vinha com substância suficiente para nove aplicações do antígeno — e não dez. Isso fez com que 5 mil pessoas deixassem de ser imunizadas no município, segundo a prefeitura. Em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, as embalagens estão, em média, com duas doses a menos, segundo a prefeitura.
O problema foi relatado em várias cidades e em algumas dessas, as prefeituras resolveram parar o cronograma de vacinação para evitar que idosos que deveriam receber a segunda dose nos próximos dias ficassem sem o imunizante.
A notificação ocorre um mês após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a redução na quantidade de vacina em cada frasco para evitar desperdícios. Desde 5 de março, cada unidade da CoronaVac tem 5,7ml de vacina — até então, tinha 6,2ml.
A mudança foi requisitada pelo próprio Butantan que, segundo pedido apresentado à agência, notificou que era possível retirar 11 ou até 12 doses em 92,8% dos lotes. De acordo com a autorização para uso emergencial do fármaco, cada dose deve contar 0,5ml.
O instituto também afirmou que é importante fazer a aspiração correta das vacinas e que produziu informes técnicos para orientar os profissionais de saúde. Segundo o Butantan, a bula da CoronaVac será atualizada, adicionando um QR Code, para direcionar os profissionais a um vídeo demonstrativo.
A Anvisa informou que os relatos dos municípios estão sendo “investigados com prioridade”. Segundo o Ministério da Saúde, estados e municípios são orientados a registrar problemas com as vacinas num formulário técnico em seu site.
O que dizem os órgãos:
Instituto Butantan
Segundo o Instituto Butantan, os frascos da CoronaVac são envasados com 5,7 mL e que o problema “não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes”. De acordo com o instituto, todas as notificações recebidas por eles até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação.
Ministério da Saúde
Em nota, o Ministério da Saúde informou que existe a orientação para que estados e municípios registrem no formulário técnico quando não for possível aspirar o total de doses declaradas nos rótulos das vacinas. A análise dessas ocorrências será conduzida pela Anvisa.
Anvisa
A Anvisa afirmou que observou um aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas da vacina e que os relatos estão sendo investigados como prioridade pela área de fiscalização da agência. A agência também relatou que avalia todas as hipóteses para que se verifique a origem do problema e não haja prejuízos à vacinação no país.