Na cidade paranaense de Prudentópolis, onde fica a maior comunidade ucraniana do Brasil, professores e pedagogos da rede estadual de ensino estão promovendo atividades voltadas à compreensão dos fatores que levaram à invasão da Ucrânia pela Rússia e suas consequências. Os alunos foram chamados para fazer pesquisas sobre a guerra, gravar vídeos e criar poemas, cartazes, murais e outros tipos de material artístico.
“Há muitos descendentes de ucranianos no colégio. Isso faz com que eles tenham mais interesse em pesquisar, procurar saber o que está acontecendo”, diz a pedagoga Vera Lucia dos Santos Baldigm, do Colégio Estadual do Campo Imaculada Conceição, localizado na comunidade ucraniana de Ligação, na zona rural de Prudentópolis.
A educadora conta que percebeu que os estudantes estavam questionando a respeito da guerra e que decidiu propor uma atividade em dupla: após pesquisar, os alunos deveriam fazer um relato do que haviam aprendido, em forma de texto ou desenho. O resultado foi uma coleção de poemas e ilustrações exibida na parede da escola. Alguns deles também gravaram relatos em vídeos, contando suas percepções e dizendo expressões em ucraniano.
“Sou descendente de ucranianos. Vejo as notícias sobre a guerra na Ucrânia e fico triste com o que está acontecendo. Os ucranianos são um povo que já sofreu muito no passado e agora, novamente, enfrenta uma situação difícil”, diz Débora Penteado Mazepa Antonio, de 16 anos, uma das estudantes que participaram das atividades.
Pedro Rafael Deniszewicz, de 13 anos, também gravou um depoimento. “Fico muito triste com o que está acontecendo. Torço para que o conflito acabe logo e a paz volte a reinar na terra dos meus antepassados”, afirma.
Já no Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv, a professora Julia Bernadete Hauresko criou com os alunos um vídeo expondo cartazes e falas dos estudantes sobre suas percepções e sentimentos em relação ao conflito. “Como professora de História, achei que era um momento oportuno para questionar os alunos sobre a realidade do mundo atual”, afirma. “Em todas as turmas em que leciono, perguntei: ‘vocês estão por dentro da guerra que está acontecendo na Ucrânia?’ Eram um ou dois alunos por turma”.
Ela propôs, então, conversas, pesquisa e estudo sobre o assunto. A partir daí, os estudantes se prontificaram a produzir os cartazes e a falar sobre o que eles e seus familiares passaram a discutir. Alguns deles, com a ajuda da professora, criaram frases em ucraniano. “Foi algo bem comovente e também construtivo em relação à iniciativa dos alunos”, diz Julia.
Em Prudentópolis cerca de 75% da população de 52 mil habitantes tem ascendência no país do Leste Europeu. Estima-se que cerca de 600 mil descendentes de ucranianos vivam no Brasil, sendo 80% deles no Paraná.
FONTE: SEED