Há mais de um ano e meio, os agricultores da Região Metropolitana de Curitiba enfrentam a dureza da crise hídrica. A família Ceccon produz hortaliças orgânicas, no sítio que fica em Colombo. Com a seca, a produção de orgânicos ficou difícil. Os produtos não se desenvolvem como deveriam.
O agricultor Edilson Ceccon afirma que a produção cai porque o produto depende da natureza para estar em equilíbrio. “Se tiver algo faltando, ele dá deficiência na planta, que começa a perder qualidade. Não conseguimos produzir como a gente gostaria que produzisse e isso afeta direto na gente”.
A solução é a irrigação. Ao menos uma vez por dia, ele liga as bombas que tiram água do açude da propriedade e irrigam as plantas. “A gente tem o lago aqui, tem que ficar puxando. É difícil, a gente quase evita, se a gente não precisasse usar era bem melhor, bem mais prático”.
Na tentativa de salvar a lavoura, eles acabam dificultando o trabalho e encarecendo a produção, além de gastar muita água. Os produtores esperam a chuva para mudar a situação da terra seca. Mas a crise hídrica fez brotar ideias.
Breno Felipe Gonçalves e o Gabriel Puppo são dois jovens engenheiros. Ainda na faculdade, pensaram em uma solução para o campo na falta de chuva, mas que fosse sustentável.
Eles desenvolveram uma irrigação que sabe exatamente a quantidade de água que a planta precisa.
“O sistema faz a medição da umidade do solo e verifica a porcentagem. O usuário entra no aplicativo, que vai perguntar para ele o cultivo e em qual fase está – na inicial, em desenvolvimento ou na fase final”, afirma Breno Felipe Gonçalves.
Sensores são instalados na terra e conseguem medir como está a umidade da terra. No caso da alface, por exemplo, quando estiver abaixo de 80%, a irrigação inicia automaticamente. As informações sobre as condições do solo e do plantio vão para o aplicativo criado por eles. É uma maneira de manter o controle da lavoura, mesmo à distância.
Esse sistema moderno de irrigação ainda funciona de maneira modesta na Fazenda Urbana, da Prefeitura de Curitiba, mas eles já estão planejando expandir o sistema para os pequenos produtores.
Para isso, já desenvolveram um sistema de energia solar para a produção de eletricidade para que o equipamento funcione no campo.
“Dá perfeitamente pra gente vislumbrar isso para um agricultor familiar, pra um pequeno agricultor, que tem uma maior extensão de área. Ele é alimentado com energia solar, não precisando de energia elétrica, atende maiores áreas, devido à comunicação com o equipamento central”, conta Gabriel Puppo.
O que saiu da cabeça desses jovens pode salvar muitas lavouras, mas principalmente, ajudar a preservar a água, que faz tanta falta.
“Nesse momento que a gente está passando, precisamos muito economizar em água. A gente está passando por um momento de crise hídrica e crise energética também, devido à matriz energética brasileira ser baseada em hidrelétricas. Além disso, ao mesmo tempo, o agricultor vai estar economizando o seu tempo”, afirma Gabriel.
FONTE: G1 PARANÁ.