Exercícios físicos fazem parte da rotina de Francisco Carlos Domingos, morador de Ribeirão Preto (SP), há 35 anos. São duas horas e meia de treinos diários, sendo que parte do tempo é dedicada à natação.
“Eu gosto de nadar. Particularmente, eu aprecio muito, me dá prazer. Eu gosto da atividade física, da musculação e da natação”, diz.
Aos 70 anos e três meses, como gosta de frisar, e vacinado com duas doses da CoronaVac, imunizante contra a Covid-19, ele não foi infectado. Francisco acredita que o corpo ativo pode ajudar a prevenir doenças.
“Eu tenho muita disposição, não tenho preguiça. Eu me sinto bem de ter tomado as duas doses e não ter adoecido. Atividade física é muito bom porque fortalece seus membros, suas pernas, você eleva sua autoestima e ela provoca uma série de relações benéficas. Não tem como sair perdendo.”
Que a prática de exercícios físicos faz bem, a ciência tem demonstrado ao longo dos anos. Agora, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que eles fazem diferença até na resposta do corpo às vacinas.
Os resultados apontaram que pessoas que mantém uma rotina de atividade física constante apresentam mais anticorpos contra a Covid-19 depois da vacinação.
Voluntários ativos e sedentários
O estudo foi realizado com 1.095 voluntários que tomaram as duas doses da vacina CoronaVac. Eles foram divididos em dois grupos: um de participantes com doenças imunossupressoras, ou seja, que têm o sistema imunológico mais fragilizado e que respondem menos às vacinas; e outro com participantes sem essas doenças.
“Qual foi a nossa pergunta? Será que um estilo de vida ativo seria capaz de otimizar a resposta à vacina nesta população? E além disso, será que isso aconteceria também em uma população sem as doenças autoimunes, portanto não imunocomprometidas? Foram essas duas perguntas que nortearam o nosso estudo”, explica o pesquisador da USP Bruno Gualano.
Os voluntários foram classificados entre ativos por ao menos 150 minutos por semana e sem comportamento sedentário, ou seja, não passavam mais de oito horas diárias sentados ou deitados, e pessoas que não praticavam atividades regularmente, os fisicamente inativos.
A quantidade de anticorpos foi avaliada após seis semanas da aplicação da segunda dose por meio de exames laboratoriais.
“Aqueles participantes que eram fisicamente ativos tinham uma chance maior de apresentar aquilo que a gente chama de soroconversão, que é o aparecimento de anticorpos após a vacinação. Esse é um indicativo de que a atividade física, o estilo de vida ativo, é capaz de potencializar a resposta à vacina. Isso aconteceu no grupo de pacientes com doenças autoimunes e também nas pessoas que não tinham essas doenças. É um dado bastante consistente”, afirma Gualano.
De acordo com o educador físico Rodrigo Carvalho, a atividade física não movimenta o corpo só no momento em que está sendo praticada. Ela ativa peças-chave no organismo que repercutem na dinâmica dele.
“Quando você treina, o seu corpo solta hormônios como dopamina, adrenalina. Quanto menos inflamado você for, melhor para a resposta da vacina.”
FONTE: GLOBO.COM