Pesquisadores da UTFPR estudam a viabilidade do plantio do bambu gigante no sudoeste do Paraná

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As hastes do bambu gigante plantado em Dois Vizinhos, no sudoeste do Paraná, estão com 23 metros de altura, o equivalente a um prédio de sete andares. Segundo pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a planta pode chegar a 40 metros de altura, em mais três anos.

Pesquisadores da UTFPR estudam a viabilidade do plantio do bambu gigante, no sudoeste do Paraná — Foto: Reprodução/RPC

Dendrocalamus Asper, nome científico desta espécie, é natural da Ásia e é muito usado na China e na Índia, há séculos. No Paraná, as pesquisas sobre as potencialidades da planta ainda são recentes, mas promissoras.

O bambuzal da UTFPR foi plantado em 2014 e os pesquisadores do curso de engenharia florestal já observaram que a espécie cresce bem em terra fértil, mesmo sem adubação.

Um dos segredos está aqui embaixo, no solo, onde se forma uma grande massa de folhas e galhos, que a gente chama de serapilheira. E a gente percebe que, se cavar um pouquinho este solo, há uma grande quantidade de raízes do bambu, na interface entre o solo e este material vegetal em decomposição. Ou seja, o bambu se auto sustenta através da ciclagem de nutrientes. Ele se alimenta dele mesmo”, explica o professor Eleandro Brun.

Com menos adubo, uma das primeiras vantagens para o agricultor que investir na cultura é o custo de implantação, conforme os pesquisadores.

A descoberta também indica que o plantio não prejudica o solo enquanto a planta cresce, mas, para ter certeza, amostras foram coletadas e análises comparativas com material coletado no primeiro ano do plantio ainda estão sendo feitas.

Resistente como o aço

Outra vantagem do bambu gigante é a resistência. Os pesquisadores afirmam que as hastes são de média a alta densidade, o que indica que podem ser tão firmes quanto o aço.

“Nós testamos as propriedades físico-mecânicas do bambu e o produto tem um comportamento muito bom. É um material que, se você souber colher a vara correta, madura, e se fizer um tratamento para evitar a degradação, pode ser usado como material estrutural, em construções, galpões, casas, estufas para a produção de hortigranjeiros. O agricultor, tendo uma touceira de bambu na propriedade, ele pode dar diversas finalidades. E é possível considerar ainda o uso industrial, em substituição a madeira, o ferro, o aço e o plástico”, diz Brun.

O professor afirma que o bambu pode ser colhido no terceiro ano de crescimento, mas que o ponto ideal de maturação ocorre a partir do quinto ano. Algumas questões ainda estão sendo estudadas como o espaçamento ideal e a quantidade de hastes que podem ser cortadas anualmente, sem comprometer a touceira.

“Este ano, vamos começar uma pesquisa para dimensionar se, a partir da primeira colheita, o produtor pode ter colheita de varas todos os anos. A ideia é fomentar uma cadeia produtiva baseada no uso do bambu, a partir da região sudoeste do Paraná para todo o país”.

Pesquisadores afirmam que as hastes são de média a alta densidade, o que indica que podem ser tão firmes quanto o aço — Foto: Reprodução/RPC

Fonte alimentar

Os bambus também estão sendo estudados como fonte alimentar. Os brotos da planta são comestíveis e estão na mira das professoras Andréia Anschau e Paula Fernandes Montanher, do curso de pós graduação em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UTFPR.

“O bambu tem uma promessa de ser um grande potencial para a gente pesquisar a parte antioxidante que estão sendo estudadas pela indústria alimentícia, farmacêutica e até de cosméticos. Estudos já relatam que o bambu é promissor nessa área, inclusive com mais compostos que o orégano e o manjericão, que já são reconhecidos na indústria de alimentos“, diz Paula.

Já a pesquisadora Andréia destaca a aposta em uma farinha de broto de bambu.

“Depois de seco, a gente mói e essa farinha a gente usa para substituir a farinha integral tradicional. A farinha de broto de bambu não tem glúten, tem menos amido, então, seria mais saudável”, explica.

Os bambus também estão sendo estudados como fonte alimentar — Foto: Reprodução/RPC
Os bambus também estão sendo estudados como fonte alimentar — Foto: Reprodução/RPC

Construções com bambu

A expectativa é que dentro de um ano e meio estas pesquisas já possam gerar novos produtos. Enquanto isso, não muito longe da universidade, em São Jorge do Oeste, o agricultor Leandro Rodrigues de Lima já usa os bambus na propriedade.

Ele cultiva mais de 40 espécies entre nativas e exóticas, inclusive o bambu gigante asiático, que aparece em várias construções. Um recanto de meditação e ioga foi todo construído com bambu e barro.

Na casa do agricultor, as vigas e colunas são hastes do bambu gigante. Ele conta que, antes de usar as varas, ele as deixa de molho no açude por alguns dias. A água vai substituindo a seiva lentamente e reduz os teores de carboidratos e açúcares que atraem microrganismos e podem apodrecer o bambu.

“Eu estou tentando substituir tudo. Onde vai madeira, onde vai ferro, onde vai tijolo, eu substituo por bambu, que é muito mais prático e barato. É só usar a criatividade que dá para fazer muita coisa”, conclui.

Um recanto de meditação e ioga foi todo construído com bambu e barro — Foto: Reprodução/RPC
Um recanto de meditação e ioga foi todo construído com bambu e barro — Foto: Reprodução/RPC

FONTE: G1 PARANÁ.

Alexandre Muller
Alexandre Mullerhttps://ourovivo.com.br
Comunicador são-mateuense, especialista em eventos e atividades sociais. Apaixonado por São Mateus do Sul e seus tesouros.
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