Porque utilizar pseudônimos?

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Para escrever sob pseudônimo existem diversos motivos que levam alguém a utilizar desse artifício ao escrever um livro, não utilizarem seus nomes verdadeiros na publicação de suas obras.

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No início do século passado, muitas mulheres preferiam utilizar nomes masculinos para não sofrerem com o machismo, tendo suas obras invalidadas e desprestigiadas simplesmente por serem mulheres. Esse mesmo receio pode se aplicar ainda hoje em diferentes casos, como homofobia ou racismo, por exemplo. 

Nem todo mundo quer ficar famoso e viver a vida sob os holofotes. Por isso, muitas pessoas preferem preservar suas identidades, não revelando seu nome pessoal e passando despercebidos, podendo levar uma vida tranquila, como um reles mortal.

Já tivemos muitos que por motivos de segurança e estados de exceção, como em tempos em que se perde a liberdade de expressão, como foi o caso de muitos regimes militares, no passado e mesmo em determinados países hoje. A censura aos escritores e a imprensa obrigou diversos autores a utilizarem pseudônimos como forma de proteção. Atualmente é possível fazer críticas ao Estado e figuras públicas sem que isso resulte em tortura ou prisão, porém, essa prática ainda é utilizada por jornalistas e autores que denunciam e expõem pessoas envolvidas em tráfico e esquemas de corrupção, por exemplo. 

Outros escritores trabalharam sob pseudônimo, pois preferiram utilizar um nome mais artístico, pois nem todos nasceram com um nome para ser estrela. Ainda que o pseudônimo seja associado à imagem de uma pessoa, ele é utilizado como alternativa ao nome de registro, sendo geralmente mais sonoro e fácil de destacar-se.

Tem outros ainda que utilizam um pseudônimo como a conhecidíssima J.K. Rowling mundialmente conhecida por ter dado vida a saga Harry Portter, ela lançou um livro com o pseudônimo de Robert Galbraith, para colocar à prova a qualidade de sua escrita para ela mesma, mas sua identidade foi descoberta e o teste falhou.

Falando sobre essa ideia de pseudônimo por conta de uma polêmica que surgiu recentemente onde o mundo literário espanhol foi jogado no caos depois que um cobiçado prêmio de livro foi concedido a “Carmen Mola”, uma aclamada escritora de suspense que se descobriu ser o pseudônimo de três homens.

Os roteiristas de televisão Agustín Martínez, Jorge Díaz e Antonio Mercero chocaram os convidados, que incluíam o rei Felipe e a rainha Letizia, na premiação Planeta, na sexta-feira dia 15 de outubro, quando subiram ao palco para receber o prêmio em dinheiro e revelar que a célebre autora do crime não existia de fato.

No site do agente de Mola, a escritora (que foi comparada à estimada romancista italiana Elena Ferrante) é descrita como uma “autora madrilenha” que escreve sob um pseudônimo na uma tentativa de permanecer anônima.

A descrição de Mola no site também contém uma série de fotos de uma mulher desconhecida desviando o olhar da câmera.

Em entrevistas anteriores à mídia espanhola, Martínez, Díaz e Mercero apresentaram Mola como uma professora universitária que vivia em Madrid com o marido e os filhos. Os romances de Mola geralmente giram em torno da personagem da detetive Elena Blanco, descrita pela editora Penguin Random House como uma “mulher peculiar e solitária” e uma amante de “karaokê, carros e sexo em SUVs”.

No entanto, o livro que ganhou o prêmio Planeta não foi uma história de Blanco. É um thriller histórico chamado “La Bestia”, ambientado durante uma epidemia de cólera em 1834 e que gira em torno de um assassino em série investigado por um jornalista, um policial e uma jovem.

Em entrevista com os verdadeiros autores após a revelação, o jornal espanhol El Mundo noticiou: “Não se pode negar que a ideia de uma professora universitária e mãe de três filhos, que dá aulas de álgebra pela manhã e, à tarde, escreve romances de violência selvagem e macabra, tem sido uma boa ação de marketing.”

A notícia surpreendeu muitas figuras literárias e nem todos se entusiasmaram com a notícia. Beatriz Gimeno, que se descreve como escritora e feminista e que já foi diretora do Instituto da Mulher, órgão nacional de igualdade na Espanha, acessou o Twitter para criticar Martínez, Díaz e Mercero.

“Além de usar um pseudônimo feminino, esses caras passaram anos dando entrevistas. Não é apenas o nome, é o perfil falso que usaram para atrair leitores e jornalistas. Golpistas”, escreveu Gimeno.

Em 2020, uma filial regional do Instituto da Mulher incluiu o trabalho de Mola como parte de uma seleção de “leitura feminista” ao lado da poetisa canadense Margaret Atwood e da escritora espanhola Irene Vallejo.

Mola ainda estava listada como autora no site da Penguin Random House, mesmo tendo sido divulgado a sua real identidade.

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