No Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, dezenas de são-mateuenses participaram da 1ª Caminhada do Meio-Dia, realizada neste sábado (22) em São Mateus do Sul e em outras 70 cidades de todo o Paraná.
A ação organizada pela Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi) em parceria com a Prefeitura Municipal de São Mateus do Sul, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, fez parte da programação da Campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio.
Parentes, amigos, autoridades, representantes da sociedade civil organizada e lideranças religiosas se reuniram em memória das vítimas de feminicídio em São Mateus do Sul e em todo o Paraná. Durante todo o trajeto foram exibidos cartazes, balões e faixas, pedindo a conscientização da população na luta.
A caminhada teve inicio na Praça Bruno Bieczad, no Terminal Rodoviário Guilherme Kantor e seguiu pela Avenida Ozy Mendonça de Lima, rumo a Rua do Mathe. Em frente a 3ª Subdivisão Policial (SDP) os participantes promoveram ato simbólico em representação aos atos de feminicídio que aconteceram em São Mateus do Sul, um deles nas proximidades do local.
A delegada Keylla dos Anjos Melo Glatzl, enalteceu a importância da ação que mobilizou cerca de 200 pessoas e que visou sensibilizar a comunidade a cerca dos crimes de feminicídio em todo o Brasil, que é um dos “campeões” do quadro de violência doméstica contra mulheres. Afirmou também que a 3ª SDP está de portas abertas para receber as mulheres que precisem procurar por atendimento.
A Juíza Substituta da 67ª Seção Judiciária da Comarca de São Mateus do Sul, Priscila Gabriely Jorge, mencionou estar muito feliz em constatar o apoio da comunidade são-mateuense na causa e enalteceu a importância de ser mantido o foco neste caminho da conscientização, “nada dá o direito de tirar a vida de uma mulher. Está vida tem valor e o amor não mata. Nós temos de lutar todos os dias pela concretização dos direitos”.
A juíza ainda afirmou que São Mateus do Sul possui um índice muito grande de violência doméstica “os casos são diários e não é apenas um ou outro, são dezenas, mas fico feliz que a comunidade de São Mateus do Sul está reagindo contra isso”.
A Prefeita Fernanda Sardanha, destacou a organização da ação e presença da comunidade são-mateuense, afirmando que juntos podemos fazer a diferença, “sejamos bons ouvintes e possamos acolher as pessoas, pois as vezes é muito difícil falar da nossa dor. Vamos lutar diariamente contra qualquer forma de violência”. Fernanda ainda destacou estar satisfeita com a sensibilização da comunidade, “todos nós podemos fazer a diferença na vida destas pessoas. Obrigado por fazer parte desta luta. Que possamos ser sementes de multiplicação contra qualquer forma de violência”, concluiu.
O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi criado após uma lei sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior. O dia 22 de julho foi escolhido em referência à morte da advogada Tatiane Spitzner, de Guarapuava. Spitzner foi morta pelo marido em 2018, ao ser jogada da sacada do apartamento onde o casal morava. Luiz Felipe Manvailer foi condenado a mais de 30 anos de prisão pelo crime.
O crime de feminicídio foi tipificado em 2015, quando o Código Penal foi alterado para incluí-lo como um crime cometido pela condição de mulher, seja no contexto de violência doméstica e familiar ou por menosprezo ou discriminação à condição da mulher. As motivações são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da ideia de que as mulheres são sua propriedade. Segundo dados do Ministério Público do Paraná (MP-PR), em 2022 foram registrados 274 casos de feminicídio ou tentativa de feminicídio no Estado. De 2019 a 2022, foram 314 feminicídios e 911 homicídios dolosos contra mulheres.
COM INFORMAÇÕES DA AEN.