A safra de pinhão no Paraná, que dura entre abril e junho, é considerada de curto período, mas movimenta o trabalho de produtores e vendedores às margens de rodovias do estado, principalmente nas regiões mais frias, onde os pinheiros se desenvolvem naturalmente.
Na propriedade do agricultor Jacó Malinoski, em Guarapuava, na região central, a safra do pinhão é um negócio de família que já dura várias gerações. Ao lado de uma araucária de dezenas de metros de altura, o agricultor se recorda de quando a plantou, 40 anos atrás.
“Esse pinheiro, eu plantei um pinhão assim, ó. A gente tira a base da semente, a cabecinha do pinhão, para não carunchar e põe o pinhão de ponta no chão. E vocês vejam a grossura que tá o pinheiro hoje”, se orgulha ele, ao lado do tronco da árvore que sequer consegue abraçar.
Jacó diz que já plantou mais de 2 mil araucárias nas terras da família e que foi o pai dele que o ensinou uma regra de ouro: ele jamais poderia fazer apenas a colheita dos pinhões, mas deveria se preocupar também com o plantio de novas araucárias, para preservar a árvore símbolo do Paraná.
Ao longo do anos, o ensinamento também foi repassado para os filhos do agricultor.
Um deles, Élcio Malinoski, ajuda o pai no plantio e na colheita, que é um reforço na renda da família. Ele diz que o exemplo do pai transforma a colheita do pinhão num motivo de muito orgulho.
“Temos que plantar o pinhão. Agora, eu entendo que eu tiro as pinhas das árvores que o meu pai plantou. Então, eu também planto para que, no futuro, tenha ainda mais”, diz.
A região de Guarapuava concentra 40% da produção de pinhão no Paraná. É a maior região produtora do estado. Em 2021, a estimativa da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento é de aumento de 40% na produção.
“Acreditamos que sejam condições climáticas melhores para a araucária que resultou numa produção maior do pinhão. Nós devemos ter uma safra 40% maior se comparada a do ano passado“, destacou o engenheiro agrônomo Josnei Augusto da Silva Pinto.
Venda nas estradas
Ao longo da BR-277, na região de Guarapuava, é possível visualizar diversas araucárias. Quem cruza o estado pela rodovia, vê muitas barraquinhas, às margens da pista, que fazem o comércio do pinhão. Boa parte delas oferece o pinhão cozido na hora.
Joel Ribeiro, vendedor de uma das barracas, comentou que o movimento de clientes é alto nesta época.
“Apesar da grande variedade de frutas, o pinhão, nesta época do ano, é a matéria que o pessoal mais procura”, destacou o vendedor.
Ele também comentou que a manutenção da renda extra depende da preservação das matas: “ A gente até sabe do pessoal que corta as árvores, mas, pra gente, é uma perda grande. O pinheiro é um benefício que dá um fruto pra gente trabalhar, todo ano. Dá pra fazer um dinheirinho”.
FONTE: G1 PARANÁ.