A Cooperativa dos Produtores Familiares do Vale (Provale), de Rio Branco do Sul, com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), prepara um novo produto para comercialização. Trata-se do pinhão descascado, pré-cozido e embalado a vácuo.
Criada em 2016, a Provale reúne 100 produtores familiares e atua com comércio atacadista de matérias-primas agrícolas. A cooperativa já realizou os primeiros testes de processamento para a comercialização do pinhão. O produto é uma novidade para quem aprecia essa semente típica do Sul do Brasil e que pode ser consumida de diversas formas, cozida, assada ou como ingrediente para outros preparativos.
A colheita e a comercialização do pinhão são liberadas apenas entre abril e julho de cada ano. A lei foi criada para garantir que a semente não seja colhida ainda verde. Mas há quem goste de consumir o pinhão durante todo o ano, pois é um alimento que combina também com os meses de temperaturas mais elevadas. O novo processo permite que o pinhão permaneça armazenado por um período maior e que possa ser consumido até mesmo durante os meses mais quentes.
O produtor ganha tempo para comercializar o seu produto e o consumidor pode adquirir o pinhão durante o ano todo. De acordo com Avner Paes Gomes, engenheiro florestal do IDR-Paraná, a intenção do projeto não é competir com o mercado do pinhão in natura, mas sim garantir que o produto esteja disponível na versão a vácuo depois do período de safra.
O pinhão é uma semente da araucária, árvore símbolo do Paraná que contribuiu de forma expressiva para o desenvolvimento do Estado em função da qualidade de sua madeira. E foi justamente a comercialização excessiva da madeira que fez com que a árvore entrasse em perigo de extinção.
O projeto para comercializar o pinhão processado deve colaborar, também, com a conservação da araucária. “A ideia é incentivar, não só a conservação das araucárias existentes, como também o cultivo de pomares para produção e comercialização de pinhão e assim aumentar o número de araucárias no Paraná”, explica Avner.
O pinhão na embalagem a vácuo ainda não pode ser encontrado nos mercados porque primeiro é necessário que outros testes sejam finalizados. Os próximos passos são os testes microbiológicos para analisar a contaminação do produto após ser processado e os testes de paladar para avaliar se há alteração no sabor e na textura após determinados períodos de armazenamento.
Estas análises serão realizadas em parceria com a Embrapa Florestas. De acordo com o Avner Gomes, a previsão é de que os próximos testes comecem já no final desta safra, ou seja, no início de agosto.
O IDR-Paraná atende diretamente cerca de 300 produtores de pinhão com 100 mil mudas enxertadas plantadas nas propriedades rurais. O instituto trabalha na organização da cadeia produtiva, desde novas tecnologias de produção até o desenvolvimento de equipamentos para industrialização destinados a grupos de produtores, garantido melhores preços à produção e a oferta contínua aos consumidores.
São 150 técnicos e viveiristas capacitados pelo IDR-Paraná que trabalham para levar o conhecimento e o apoio que os produtores precisam.
A rentabilidade com o mercado do pinhão é muito maior do que era com o mercado de madeiras das araucárias. Dados do IDR-Paraná indicam que o produtor pode alcançar uma renda anual acima de R$ 5 mil por hectare quando cultivado de forma semelhante à fruticultura. Em 2019 o Paraná produziu aproximadamente 4 mil toneladas de pinhão, que contribuíram com mais de R$ 15 milhões para o VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) do Estado.
FONTE: Agência Estadual de Notícias (AEN).