Após o fim da colheira do milho, que foi uma decepção por causa da geada, o produtor rural de Maringá, no norte do Paraná, Cléber Veronezi Filho vai começar a preparar a terra para o plantio da soja, que será feito na mesma área – coberta por um mix de culturas para recuperar o solo.
A expectativa de colher 110 sacas de milho por hectare virou palha. “A geada pegou num momento que estava o milho verde ainda. Então, estava terminando de granar o meu milho. Estamos estimando uma quebra de 80%. Não finalizamos a colheita, mas estamos estimando isso aí”, conta.
O Brasil é o maior produtor de soja do mundo, com 136 milhões de toneladas. Boa parte dessa produção sai do Paraná, que é o terceiro estado que mais produz. E um dos principais motivos para a soja ter se tornado a queridinha do campo, está no preço, que não para de subir.
A soja é uma commoditie, ou seja, tem o preço estipulado pelo mercado internacional e em dólar. Além da alta, a desvalorização do real frente à moeda americana representa lucro para o produtor.
Os números do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram a evolução nos últimos 10 anos. Em 2011, a saca de 60 kg de soja foi comercializada a US$ 26, o equivalente a R$ 46,48, na época. Neste ano, a saca é vendida a US$ 38, um aumento de 15%. Na moeda brasileira, o preço da saca é R$ 164,82, o que dá um aumento de 254%.
“Nos últimos anos não houve nenhuma vez que tenhamos tido questão de preços baixos ou do produtor perder na questão de preço. Então, a soja dá uma garantia pro produtor de rentabilidade”, explica economista do Departamento de Economia Rural (Deral) Marcelo Garrido.
A explicação para o aumento do preço no mercado internacional está no crescimento do consumo, principalmente do outro lado do mundo, no país mais populoso do planeta.
“Desde que a China se tornou um importador importante de soja, todo ano praticamente tem crescido uma faixa de 4% a 5% o consumo internacional de soja”, diz José Cícero Aderaldo, vice-presidente executivo da cooperativa Cocamar.
De olho no preço alto, tem produtor aumentando a área de plantio, visto que 80% da soja produzida no Brasil vai para exportação. “Isso tem sido uma regra nesses últimos anos. O produtor paranaense tem tirado culturas menores, tem tirado até alguma área de pastagem, área degradada, pra fazer o plantio de soja”, afirma o economista.
No Paraná, o plantio de soja começa no fim de setembro. “Será uma safra de bons resultados, porque o produtor comprou esses insumos numa condição melhor ali atrás, antes dessa maior alta do dólar. Naturalmente, que isso vai depender do clima e da produtividade”, avalia Aderaldo.
FONTE: G1 PARANÁ.