“Um jeito novo de olhar” Lc 6, 39-42
Um cego não pode guiar outro cego; o aluno não está acima do mestre. Se quero ser guia de cegos, preciso enxergar bem, se não caímos os dois no buraco.
Nietzsche dizia que “alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos”. É um preso soltando outro preso. É alguém capaz de ajudar um outro a superar certas dependências que ele mesmo não supera.
Transmito convicções que mantêm alguém firme na prática do bem e perseverante no amor conjugal, por forte que seja a vontade de desistir, e me vejo desistindo. Somos incapazes de muitas coisas, sobretudo de tirar a trave que temos nos olhos. A incapacidade é a verdade da nossa existência.
“Kavaná” é uma palavra de grande importância na espiritualidade hebraica. Pode ser traduzida por “intenção”, “propósito”, “motivo”. O propósito da kavaná, explica o rabino Heschel, “é conduzir o coração para Deus, mais do que a língua e os braços”.
O encanto está na possibilidade que Deus nos dá de orientar para ele tudo o que queremos realizar, de pôr em tudo uma intenção, kavaná, séria e sincera, mesmo tendo que dizer com o rabino Paulo de Tarso: “Vejo o melhor, experimento, e sigo o que é pior”.