“Jesus, um homem inquieto” (Lc 8, 1-3)
A pequena comunidade itinerante formada pelos doze apóstolos e por algumas mulheres é também sinal do Reino que está chegando.
Pelo que se sabe do modelo social da época, as mulheres não gozavam de tanta liberdade, ou talvez nossas informações sobre usos e costumes da época sejam mais imaginadas do que reais. O fato é que estavam todos juntos, andando com Jesus, iniciando um modelo de Igreja, que em parte se perdeu.
Maria de Mágdala, de quem saíram sete demônios. Ou era muito doente? O número sete é simbólico, e Mágdala não tinha boa fama. Joana, alguém com acesso à corte de Herodes. Susana, desconhecida. E não só. Ainda muitas outras mulheres. Elas não estão ausentes nem na companhia de Jesus nem no relato do Evangelho.
E estão muito presentes nas comunidades. Não necessitam de um mandato especial para arregaçarem as mangas e pôr-se à disposição de quem precisa. Sabem cuidar e gostam de fazer qualquer serviço. Esse primeiro grupo formado por homens e mulheres, sendo itinerante, não devia ter estruturas hierarquizadas.
Uma Igreja “em saída” parece mais perto da eclesiologia de Jesus do que uma Igreja sedentária. Aliás, Nietzsche escreveu em “Ecce Homo”, para espanto dos crentes, que “o sedentarismo é o autêntico pecado contra o Espírito Santo”. Ele se referia a questões de saúde, mas a afirmação pode se aplicar à comunidade itinerante.