Muito se falou sobre o livro digital, principalmente quando ele surgiu, que iria desbancar dentro de um certo tempo, os livros físicos de papel. Que era uma tecnologia revolucionária que ganharia praticamente todo o mercado de publicações pelo mundo.
A realidade atual é que os livros digitais crescem a cada ano, com mais títulos sendo lançados simultaneamente em papel e nas plataformas digitais, visto no Brasil que em 2021 os livros digitais responderam por 6% do faturamento das editoras, quando em 2019 foi de 4%. Chegou-se a 8,4 milhões de unidades vendidas em 2020, e esse acréscimo de vendas fez com que o preço dos livros digitais caíssem cerca de 25% em média, para ganhar ainda mais o gosto dos leitores.
O número de lançamentos de e-book foi 16% maior em 2020 do que em 2019, é um mercado que está crescendo no Brasil, e o importante é que está ampliando o público leitor, visto que pesquisas sobre esse assunto relatam que a maioria dos consumidores de livros digitais, não migraram dos livros de papel, mas sim, é um novo público que está aparecendo. Aquele público antenado em tecnologia e que gosta da praticidade de ter o livro sempre a mão, seja no Kindle ou mesmo nos smartphones.
Algo que a grande maioria não sabe sobre os livros digitais, pode ser relatado com a experiência vivida nos Estados Unidos, onde os livros digitais apareceram primeiro. Na época as apostas eram de quanto tempo os livros de papel ainda resistiriam, quanto tempo levaria para essa tecnologia digital dominar o mercado literário.
Lá nos Estados Unidos foi o mercado onde ocorreu o maior impacto dos livros digitais, e chegou a dominar 30% dos livros vendidos, e quando se falava da extinção dos livros em papel, as vendas começaram a declinar e os livros tradicionais em papel voltaram a crescer. Ainda não se tem um consenso sobre os motivos de praticamente estacionar o consumo dos livros digitais nos Estados Unidos, visto que ambos pertencem às mesmas editoras. Mas o melhor acabamento, os trabalhos gráficos desenvolvidos nos livros, os primorosos trabalhos de capas que quase vendem sozinhos os livros, ajudou muito.
No Brasil acreditasse que os livros digitais fiquem nos mesmos patamares que nos Estados Unidos, chegando a 20 ou 25% do mercado e depois se acomodando em patamares um pouco abaixo desses números.
Hoje o mercado brasileiro de livros digitais é de apenas 6% do mercado, mas com potencial de crescimento para chegar a pelo menos 15%, ou seja, tem bastante mercado a ser explorado por essa mídia. Muitos dos novos leitores, como se falou, não vão migrar do livro de papel para o digital, mas são oriundos de um segmento de mercado que precisa ser bem avaliado, pois são os mesmo que hoje compram músicas pela internet, e pagam pelas notícias dos jornais digitais, compram apenas filmes que querem assistir.
Esse consumidor não está acostumado a comprar um álbum completo de um cantor ou banda, como eram com antigos CDs ou ainda os LPs, para eles não existe essa obrigatoriedade de comprar todo o pacote, apenas o que ele gosta. Ele não lê todo o jornal, apenas as notícias que lhe interessam e compram essas notícias de maneira parcial hoje em dia. Só política, só entretenimento, só esportes e assim vai.
O que as editoras notaram é que o público dos livros digitais em sua maioria são esses, mas a relação com os livros são diferentes, pois não tem sentido comprar apenas uma parte do livro, ele é um todo. Com exceção de livros digitais científicos que muitos têm interesse apenas por alguns capítulos, mas esses representam apenas 1% do total dos livros digitais adquiridos.
Livros físicos e digitais na verdade são mídias com o mesmo tema, mas que quase não concorrem entre si, na verdade se somam na arte de contar histórias, divulgar ideias, que é o que define os livros.
