Sobre a vontade de ser escritor, pegamos carona no escritor Marlon James, jamaicano de 53 anos, autor de 4 livros, que participou da Flip 2017, ganhador do prestigioso prêmio de língua inglesa, o Man Booker Prize (2015). Seu último livro o primeiro de uma trilogia de uma história que se passa na África pré-colonial, que acabou de lhe dar o apelido de seu livro Leopardo negro, Lobo Vermelho, de “Game of Thrones Africano”, com um mundo fantasioso como os de Tolkien.
Numa entrevista ele falou sobre os livros que construíram o Marlon James de hoje…
“Eu me inspiro muito em histórias em quadrinho: Batman, X-man… mas um momento de virada de página na minha vida foi quando eu li o livro de Salman Rushdie, Shame (Vergonha, na edição brasileira), eu fique na verdade insultado, raivoso, chocad, porque eu não sabia que era possível escrever daquela maneira. Tem um momento no livro, que ele diz que o personagem vai morrer daqui a pouco e daqui a quatro páginas o cara estava morto. Impressionante. Eu não sabia que podia escrever assim. Gabriel Garcia Marquez, uma vez disse, que sentia que tinha permissão para escrever. Ele recebeu a permissão para escrever. Eu acho que todos os autores tem esse momento. Para mim, foi com o Rushdie.
E também com James Joyce, uma autora jamaicana chamada Olive Senior, que escreveu, Summer Lightning; Toni Morrison, com Sula, foi uma grande influência; Gabriel García Márquez, com certeza, O mestre e a Margarida, de Mikhail Bulgakov e uma escritora chamada Jessica Hagedorn, que eu pensei “nossa que ótima escritora jamaicana, mas ela era filipina. Se você mora em uma cidade portuária você sabe exatamente o que está acontecendo, pois as coisas acabam se repetindo e isso me deu a amplitude para escrever sobre a minha cidade”.
Sobre ser escritor, o primeiro romance de Marlon teve 78 rejeições entre as editoras. A gente tem a ilusão que vamos escrever o primeiro romance, ele chegará ao mercado todos vão querer ler e leiloar; você vai ficar milionário e virar uma estrela. Só que essa é uma visão inocente. Não acontece. Eu tentava não pensar muito bem a respeito, não sei o que é melhor contabilizar as cartas rejeitas ou deixar para lá. Para mim foi devastador, eu deletei tudo, joguei tudo fora, fiquei arrasado.
Eu só voltei a escrever quando participei de um workshop e tive que tentar reaver tudo o que eu tinha deletado, mostrei para a minha orientadora da época ela mostrou para o editor, eles amaram e o resto é história.